
Via. Vi.
Dentro do carro passava pela Nacional a sentir-me indiferente.
Indiferente a mim. Indiferente aos outros. Pouco importa.
Mas passei e estaquei.
Apesar do meu corpo ter continuado em frente fiquei-me para trás.
Fiquei em pé, entre as duas linhas continuas brancas e largas, sobre o alcatrão negro, no meio da alameda conhecida da Mealhada.
Estaquei no final daquele dia tão pesado, sob a luz dourada e pálida e fantástica do entardecer.
Estaquei com uma máquina fotográfica para apanhar aquele momento, aquelas árvores fortes, delgadas e belas a apanhar a luz solar do fim do dia.
Estaquei só.
Nenhum carro passava.
Apesar de ter ficado para trás o meu corpo continuava.
Apesar da luz ter passado e do por do sol ser perfeitamente vermelho.
Apesar de já não ser dia nem noite quando cheguei a Coimbra.
Não tirei os óculos escuros.
Fiquei-me para trás.
Sem comentários:
Enviar um comentário
passa a palavra