segunda-feira, 31 de março de 2008

Depois de um dia.
Depois de uma vida.
Depois de conversas.

Se vêm novos encantos.
Sonhos.
Encontros.

Observam-se
Detalhes
Defeitos
Desejos.

domingo, 30 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

sábado, 22 de março de 2008

Entre olhares e sorrisos nos vemos e dizemos olá.
Entre olhares e sorrisos comunicamos.
Entre olás dizemos
com olhares e sorrisos
como estamos.

Promessas vãs
e
piadas distantes
destinos se vão criando e desvanecendo.

Entre olhares e sorrisos nos aproximamos.
Lutamos entre nós
(mesmos)

Somos assim.

Um íman em conjunto.

Elogios sinceros.
Companhia.

Entre olhares e sorrisos gravamos em nossas mentes.
Para sempre seremos assim.
Um sorriso

:)

domingo, 16 de março de 2008

tipografia

textura complexa e uniforme - garamond
textura complexa e errática - baskerville

sensação de espaço e profundidade - bodoni

algo belo com as iniciais do meu nome - futura

algo assustador - helvetica

algo engraçado - univers

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sonho

Uma praia
Noite
em areia fria
Estrelas e bailoiços.
Diversão a meio da noite.

Um olhar dirigido ao céu.
Um pára-quedas vermelho escuro
solta-se.

Pum!
Um homem cai no chão.
Está vivo.
Não fala.
Está perro.

Sucessivamente.

terça-feira, 11 de março de 2008

Design

gato

baskerville, helvetica, garamond, bodoni



As letras que mais gosto dos tipos de letras mais famosos na área do design. :)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Episódio XII - cidade portuguesa



Um quarteto de prédios brancos e gastos. Paredes sujas e derramadas. Construções antigas e paradas no tempo. Um pátio interior já conhecido de cor e salteado. Muitos segredos e brincadeiras infantis passaram pelo cimento envelhecido. Ainda se ouvem ecos dos gritos das crianças. Gritos de êxtase inocente e puro. Canteiros pendentes e tristes dão à luz flores garridas e contrastantes. Um dia acinzentado acompanha a melodia melodramática de uma leitura de um bom escritor português. Um daqueles conceituados, de voz de bagaço e grave que palavreia asneiras formosas, floreados líricos e retratos espampanante ao mesmo tempo que se ouve uma Guitarra de Coimbra.
Num andar, uma televisão antiga de cores retrógradas com interferências no meio relata um jogo de futebol e publicidades ridículas e tradicionais. Acima, no prédio ao lado a mulher de cabelo preto e curto e avental branco lava com afinco a loiça e a cozinha de azulejos azuis banhados por raios ocasionais amarelados. à sua esquerda a vizinha gorda e sorridente tagarela incessantemente das coscuvelhices do bairro, num à-vontade desconcertante com farinha até ao cotovelo no seu braço direito. Na esquina, uma outra senhora jovem, esta de cabelos castanhos e ondulados punha a sua roupa branca com cheiro a neoblanc que perfumava as janelas próximas enquanto meditava na sua simplicidade de vida. Em cima uma avó sorria a pensar nos seus rebentos mais jovens. No lado oposto, na sombra, uma mulher berrava, de tempos a tempos, aos seus filhos, recados da mercearia do lado, para terem cuidado nos passeios, não correrem e transpirarem demasiado e para não se sujarem, ao mesmo tempo que se benzia sorridentemente de lhe ter calhado a sorte de ter uns filhos assim, que chegam a casa sempre rosados e mal vestidos, pois na verdade adorava os seus comportamentos aparente e socialmente rebeldes.
O vizinho de cima, o gordo frustrado é de quem os miúdos têm medo. Refila com tudo e com nada. A sua insatisfação é permanente mas no entanto é o adorado por todos e o coração mole, assim como os velhotes do quarteto. Em baixo, a empregada do avental de padrão de florzinhas pequeninas cor-de-rosa atira energicamente o balde grande da lixívia com água para o cimento do pátio tão sabedor paralelamente à passagem de uma mulher muito fina e com ar simpático que vai ao talho que conhece ao virar da esquina desde pequenina pedir meio quilo de lombo de porco para fazer carne assada com batatinhas assadas e um arrozinho branco para amanhã se deliciarem com um bacalhauzinho cozido e azeito quente por cima.
A loiça da senhora de cabelo preto e curto ainda se ouve, ao mesmo tempo que pedacinhos de espuma saltam da janela da cozinha para fora, juntando-se mais tarde à espuma asfixiante da lixívia, aniquilando, talvez, o cheiro da roupa mais branca do bairro.
Por vezes o queixume do senhor gordo, outras vezes cascas de tremoços e caroços de azeitonas se vêm das janelas abertas e maioritariamente solarengas.
Uma rápida vista de olhos a este pátio tão bem conhecido e caracterizador pela última vez, acabando de novo na voz embargadora e viciante do escritor e poeta e da guitarra que tão melancolicamente acompanha este sonho tipicamente português...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Episódio XI - Condicional

Se aparecesses cá em casa abrir-te-ia a porta. Especaria à tua frente e pasmava. Admiração não poderia ocultar mas não me dignava a sorrir. Diria Entra!, virava costas e vinha para o meu quarto. Sentar-me-ia na minha secretária à tua espera. Tu, sentar-te-ias na minha cama a olhar para mim. Não me interessaria minimamente pela tua vergonha ou desejo de falar. A verdade era que nada me dirias e o silêncio sufocar-te-ia e encher-te-ia as entranhas até te agoniares. O tempo passaria mas não iria sequer perder tempo contigo. A certa altura, por um pingo de pachorra e paciência levantar-me-ia e iria buscar comida para nós. Em monossílabas dir-te-ia para não te mexeres que iria buscar algo para comer. Depois de um passeio molengão traria hambúrgueres. Algo rápido, na esperança que não tardasse a conversa. A dado momento, depois de te atafulhares com o meu olhar fixo e sério tentarias arranjar coragem para relatar o que aconteceu. Não queria saber. Se o quisesses demonstrar, esforçar-te-ias para desabafares. Dar-te-ia uma almofada e uns cobertores em silêncio. No meu sétimo sono ainda olhavas para mim e para ti incrédulo. Na manhã seguinte arranjar-me-ia com toda a naturalidade e seguiria para as aulas satisfazendo a curiosidade dos amigos ao longo do caminho. Não me preocuparia mais contigo. Ao chegar esperaria não te ver mais até a uma necessidade de força maior. Contudo ver-me-ia enganada pois continuarias plantado na cama, de pernas cruzadas, à espera de algum tipo de consolo. Algo que não te poderia dar. Depois de um monólogo da tua parte, reagiria, sem saber como. Dir-te-ia para fazeres o mais correcto e o que achares melhor ou então ficaria calada. Eventualmente acabarias por partir. Fosse ou não, depois de uns possíveis bons momentos até uma nova visita causada por uma necessidade de força maior. Se aparecesses cá em casa não te abriria a porta. Se aparecesses cá em casa.... Se aparecesses.... Não apareces. (Já sei como é....)

domingo, 2 de março de 2008

Monotone



Antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior
Para debaixo da cama.
Guardas o coração ainda adormecido bem dentro do teu corpo

E esqueces essa canção que já não passa na rádio
Mas que vive secretamente dentro de ti.
Fechas a porta à chave com duas voltas e sais.

Os teus passos na escada fria soam ligeiros e apagam-se,
Perde-se o rasto, easy listening,
Guardas tudo para ti como um ex-dj...
Assim partes, quase a correr.

Parada junto à passadeira, protegida num gesto ledo
Fixas o olhar na sombra dos carros que passam.
Esperas pelo sábado,
Pelo feriado e as suas pontes,
Pelas férias para ouvires as tuas canções.
Sentes-te longe, silenciosa de luz.

A Naifa