quinta-feira, 12 de junho de 2014

Quem não tem cão, caça com gato
e se o gato não caçar,
faz-se de gato, sapato!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nó na garganta

Cada um de nós é um novelo de lã. 
E se calhar é por isso que temos tantos problemas, porque  por mais que saibamos que a solução passe pela simplicidade de um fio, um fio que se emaranha em si, continuamos a criar nós, de fio a pavio. 

Somos um novelo que se vai desenrolado, sem eira nem beira, sem rumo por onde passar. Um novelo que se gasta e desgasta, se torna mais forte, envolve-se, entrança-se, cria raízes. Cada um de nós é um fio de lã, que ata e desata, que dá o nó quando se casa, que prende, que aperta, que segura.

Cada um de nós é um fio de lã. 
Desatamos a correr, paralelamente, anos a fio. Cruzamo-nos. Passamos por cima, por baixo. Enrolamo-nos com outros fios. Criamos nós entre nós, rompemos, rebolamos para outros lados, outros caminhos, até voltarmos a desenrolar em paralelo com outros fios de lã e gerarmos outros nós.

Somos um novelo que quando se desenrola, com uma molinha se adicionam memórias. Memórias boas, memórias más. Fotografias. Momentos. Cartas. Pensamentos. Eventos. Pessoas. E por isso é que à medida que vamos vivendo, a vida se vai tornando pesada.

Cada um de nós é um fio de lã. 
Queimamos-nos, desfiamos-nos. Mas dos nós que damos fazemos laços que se desfiam pela vida abaixo. Novos novelos. Nov'elos de outras cores.

Somos um novelo que umas vezes está na linha e outras vezes está por um fio.

Cada um de nós é um fio de lã 
até perder o fio à meada. Até ao final da linha.

Regresso à realidade



Não está a correr como planeado. Achei que me ia saber melhor do que o que se está a passar.
Achei que voltar às rotinas, voltar ao meu espaço, às minhas palermas e ridículas e pequenas ocupações me faria bem. Não faz.

Dou por mim com demasiado tempo a a mais e a menos para estar a sós com os meus pensamentos.

Não consigo pensar. Não consigo processar. Não consigo voltar à realidade.

Não consigo voltar à realidade porque... porque não é real. Porque não voltei. Porque não voltarei. Não à mesma realidade de sempre. Não porque mudou.

Afinal não foi de um pesadelo e de uma noite mal dormida que acordei hoje.

Foram mais. Foram várias. E sei que desta vez,

não há volta a dar



se não esperar que um dia me habitue a esta realidade. 

E não, Saramago, não. A realidade não continua a mesma de sempre.