quinta-feira, 29 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Episódio XIV - os meus pés rezam terços

Os meus pés rezam terços.

São várias gotas, vários terços, dois sapatos, dois pés.

Um pé
Um terço

Num pé meu
Um terço de uma gota
Ressalta e divide-se em três.
Cada gota cai num sapato
Sinto os meus pés húmidos.
Não sinto a chuva nos pés.
Gotas caem nos meus sapatos.
Levo uma saia rodada e sapatos de salto pretos.
Caminho sobre passeios imundos ou irregulares.
Chove.

(ler de baixo para cima)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Os teus preconceitos definem-me.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O que se quer é limpar a consciência.

domingo, 11 de maio de 2008

A meu ver

Paralisou.
O seu olhar estava fixo no vazio. Não conseguia pronunciar uma só palavra, um só inspirar, um só olhar. O seu coração tinha parado no tempo. A sua pele rosada reflectia a luz matinal que entrava pela janela à sua esquerda. O seu vestido de noiva imaculado permanecia imóvel.
No meio desta perplexidade física e mental sabia que precisava de reagir. De chorar. De fugir. De fechar os olhos e voltar a acordar.
Um movimento de mão, um abrir a boca, um pestanejar. Nada lhe ocorria. Séria, estática, aguardava. Esperava ordens, instruções. Esperava dirigirem-lhe a palavra.

Lentamente, como se fosse de pedra, com movimentos perros e enferrujados, levantou o seu braço branco, frágil e delicado e puxou o seu véu para a frente. Na esperança que a cobrisse a vergonha e o vexame. Como se aquele pedaço de tule branco e transparente a tapasse da realidade, das visões que via, do que ouvia. Como se pudesse refugiar, finalmente e finalmente pudesse fechar os olhos. Como se, de repente, pudesse ficar em paz para expelir toda a infelicidade e amargura.

Virou costas e saiu.

inspirado no livro/filme Jane Eyre