sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lisbon revisited (1926) | Álvaro de Campos

Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...


6 comentários:

  1. Não sei quanto a ti, mas o meu Heterónimo preferido de Pessoa sempre foi o Álvaro de Campos. Tem força de viver e extenua-se a si próprio. Este poema então...

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  2. Pois claro que é. É o heterónimo da paixão, da força, da vivacidade! É aquele que nos põe a ferver e contagia a sua dinâmica!

    Se bem que Fernando Pessoa para dias melancólicos também não está mal.. ;)

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  3. não, também é muito bom de se ler, se estiveres a falar do ortónimo, of course. Caso falemos de Alberto Caeiro, é giro, mas sempre achei que lhe faltava um pouco de sal, e em relação ao Reis... enfim, viver a vida ao máximo mas com calma? Oh Reis, vai dormir, vai!

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  4. Esses nao sao os unicos heteronimos de Fernando Pessoa faltam muitos mais , e alguns apesar de menos conhecidos sao bem interessantes

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  5. Bem anónimo, a tua info podia ser mais útil ainda e dizer exemplos :)

    e já agora, quem és tu?

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  6. alguém pode analisar essa parte do poema sff?

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