segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Episodio XXIV - Aquele momento

Uma confusão negra,
em contraste,
acaba bem.
Também em noite madrugadora
mas
de escuridão enganada pelas luzes imensas.
Multidões. Confusões. Gente de branco e negro.
Dois grupos se movem sem se saber pelo meio de tudo.
Feminino e masculino.
O mesmo passo.
Multidões. Confusões. Encontrões.
Breve clareira.
Tic.
Duas caras sérias se cruzam. Iam velozes. Reconhecem-se. Espantam-se.
Tac.
Ela, de costas pela direita se volta ainda em passo rápido.
Olhar
(sur)preso.
Ele, virou-se de frente.
Olhar intrigado.
Eixo invisível entre eles que atrai.
Tic.
Mais ninguém parece (re)parar.
O resto do grupo feminino ainda tenta chamar e perceber.
O resto do grupo masculino ainda tenta abrandar e perceber.
Tac.
Os vultos brancos e negros misturam-se. Pó em todo o lado.
Tic.
Percebem. Tudo...
Beijam-se.
...faz sentido.
Tac.
Deixaram de perceber. Não faz sentido.
Tac.
Separam-se.
Ela vira costas como se retomasse os seis segundos perdidos.
Ele dá um passo atrás para recuperar o equilíbrio enquanto a vê a afastar, incrédulo, quebrando o movimento com outro passo decidido a recuperar os seus sete segundos.
Nada se passou.
Tic.
Muitas perguntas no ar e algum álcool no sangue. De todos.
Foi um beijo de mãos dele nas caras um do outro. Um beijo de olhos fechados. Doce. Tranquilo.
O contraste absoluto.
Ninguém acaba raciocínios.
Todos continuam a dar, passo por passo, a sua batida forte.
Não se vêm mais pela noite.
Nem sabiam que se iam encontrar.
Tac.

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