segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

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A culpa é do tempo. Não há tempo para nada. Para reconhecer as pessoas que mudam, para nos reconhecermos, para passarmos tempo uns com os outros, para termos tempo para nós mesmos... Não há tempo quase para dizer olá, fazer disparates, rir com gosto ou dar um abraço.

Ninguém tem motivação como já dizia Luis de Camões. Ninguém tem a coragem de admitir a mudança, de dar o primeiro passo para o futuro.

Toda a gente tem vergonha de fazer o que é necessário e importante. O dizer o que é preciso ser dito porque a verdade é veradade e dói no coração. E depois é kill the messenger...

É sempre uma questão de tempo. Tudo é uma questão e tmpo. é uma questão de tempo até uma pessoa se acalmar, uma questão de tempo até o amuo passar, uma questão de tempo o bebé sair, uma questão de tempo até aquela pessoa se apaixonar por nós...

Tudo é uma questão de tempo e uma vez mais é aterrador porque uma vez mais é incontrolável.

Toda a gente quer e ninguém consegue parar o tempo ou fazê-lo passar mais rapidamente. Para não doer, para voltar atrás, para aproveitar...

A verdade é urgente e necessária. E dói. Mas a dor existe por um motivo. Para aprendermos com os nossos erros, para mudarmos, para crescer, para saber que algo não está bem...

E é uma questão de tempo até toda a gente se aperceber disso. Disso e da dor, e da verdade e da necessidade e das prioridades... Até lá é esperar. (É irónico não é? E dói, não dói?) Agora é só esperar. E suspiramos enquanto esperamos. E esperamos e esperamos e voltamos a querer que o tempo voe até chegarmos lá. Mas isso nunca vai acontecer. É impossivel chegarmos a um acordo e à mesma conclusão ao mesmo tempo. E voltamos a ter uma questão de tempo. Voltamos a não ter tempo de nada nem que seja porque estamos à espera que aquilo que esperamos aconteça! E voltamos a apercebermo-nos que o tempo é incontrolável e inatingível. E voltamos ao mesmo, á espera do consenso comum, do fazer qualquer coisa, da questão de tempo, do tempo incontrolável, do consenso comum, do fazer qualquer coisa, da questão de tempo...

E entretando, lá vai o tempo passar por nós como sempre o faz. E não podemos fazer nada contra isso. Nem contra o tempo, nem contra a verdade, nem contra a dor, nem contra a realidade, nem contra o inatingível e o incontrolável, nem contra a mudança.

Tudo é urgente e necessário e tudo é impossível de se concretizar.

Por isso contentamo-nos com o que temos, esta realidade, este quebra-cabeças, este ciclo interminável.

Vamos voltar à nossa não inocência-mas-mais-inocente-que-esta-reflexão. Vamos viver a vida como a conhecemos e vivemos e sabemos. Vamos voltar viver a vida sem pensar que não a podemos mudar.

Rewind. Stop! Play...

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