quarta-feira, 5 de março de 2008
Episódio XI - Condicional
Se aparecesses cá em casa abrir-te-ia a porta. Especaria à tua frente e pasmava. Admiração não poderia ocultar mas não me dignava a sorrir. Diria Entra!, virava costas e vinha para o meu quarto. Sentar-me-ia na minha secretária à tua espera. Tu, sentar-te-ias na minha cama a olhar para mim. Não me interessaria minimamente pela tua vergonha ou desejo de falar. A verdade era que nada me dirias e o silêncio sufocar-te-ia e encher-te-ia as entranhas até te agoniares. O tempo passaria mas não iria sequer perder tempo contigo. A certa altura, por um pingo de pachorra e paciência levantar-me-ia e iria buscar comida para nós. Em monossílabas dir-te-ia para não te mexeres que iria buscar algo para comer. Depois de um passeio molengão traria hambúrgueres. Algo rápido, na esperança que não tardasse a conversa. A dado momento, depois de te atafulhares com o meu olhar fixo e sério tentarias arranjar coragem para relatar o que aconteceu. Não queria saber. Se o quisesses demonstrar, esforçar-te-ias para desabafares. Dar-te-ia uma almofada e uns cobertores em silêncio. No meu sétimo sono ainda olhavas para mim e para ti incrédulo. Na manhã seguinte arranjar-me-ia com toda a naturalidade e seguiria para as aulas satisfazendo a curiosidade dos amigos ao longo do caminho. Não me preocuparia mais contigo. Ao chegar esperaria não te ver mais até a uma necessidade de força maior. Contudo ver-me-ia enganada pois continuarias plantado na cama, de pernas cruzadas, à espera de algum tipo de consolo. Algo que não te poderia dar. Depois de um monólogo da tua parte, reagiria, sem saber como. Dir-te-ia para fazeres o mais correcto e o que achares melhor ou então ficaria calada. Eventualmente acabarias por partir. Fosse ou não, depois de uns possíveis bons momentos até uma nova visita causada por uma necessidade de força maior. Se aparecesses cá em casa não te abriria a porta. Se aparecesses cá em casa.... Se aparecesses.... Não apareces. (Já sei como é....)
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