quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Episodio XXVI - Dos recantos da memória

De tempos em tempos escrevo para ti. Dos recantos da minha memória. Do silêncio do meio da noite.
Escrevo-te para não te esquecer. Escrevo para não me esquecer do que se faz para dizer. Para saber como me dirigir.


Escrevo-te horas e horas. De fio a pavio. O discurso é o mesmo. As palavras são diferentes. Fazem sentido.
Não há cá poetas a viver aqui. Na minha cabeça não há tempo para tolos.


As mãos estão frias. Os pés gelados. De certo que não pego numa caneta há muito tempo. Não faço intenções de te dar algo a ler, algo a ouvir, algo a sentir. De certo que não pego num coração há muito tempo.


A quem me lê que não me julgue. Estas palavras podiam ser para qualquer pessoa. Mas como os recantos não são redondos, ficam sempre letras presas aos cantos, e ninguém sabe a mensagem. Esta, é mais uma para o vazio.


"Sem ti, não sei dar valor ao que me enche."

3 comentários:

  1. E assim mais uma mensagem cai no vazio, talvez para alguem mas para ninguem, acaba por ser levada pelo vento...

    Indeed, o frio faz-nos recitar poemas para o vento que passa sem querer saber, e apanhar pedras do chão que nada nos dizem...

    Se a existência do mundo é um ínfima probabilidade e é real, porque não o poderá ser qualquer outro acontecimento?

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  2. o vazio também merece umas palavras, no fundo, é ele que nos dá a perspectiva para se ter noção do que carregamos conosco, do que o que temos. há que dar valor a isso :)

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