Estava deitada na praia. Estava com umas leggins meias molhadas da água quente do Mediterrânico sobre uma toalha meia dobrada, em cima da areia fina e fria e tanto me encanta. Mal via os meus amigos que no meio do negro da noite e o escuro do céu tomavam um banho nocturno.
Tentava abafar a música motar que rugia fortemente pelo areal adentro com o meu minúsculo ipod.
Pensava em ti.
Imaginava-me deitada sob o céu estrelado, que estava, mas numa clareira no meio de uma floresta com relva verde e molhada. Não sei porque é que, agora que tenho a praia que tanto queria, me ponho a querer agora uma erva verdejante.
Calada continuo deitada. Braço esquerdo sobre a minha barriga, braço direito atrás da nuca e joelhos para cima.
Deitas-te ao pé de mim, do lado esquerdo, com a cabeça na minha barriga. És o único que tem coragem para falar porque finalmente ouço a pergunta que me coloco tantas vezes.
- O que é que estás a fazer?
Podias ter perguntado em tom de descriminação. Podias ter posto um ponto de exclamação depois do de interrogação no final da frase. Podias ter acrescentado previamente um “mas que raio”. Podias ter medo de perguntar. Podias ter dado pausas. Podias nem saber do que estavas a falar. Mas era uma pergunta. Fizeste-a. E muito bem. E com toda a certeza do mundo. Algo que não tenho.
Estavas calmo.
Por mais desnorteada que seja essa pergunta, só o facto de a fazeres tranquilizou-me.
Creio que devo ter sorrido. Creio que nem me mexi. Creio que chorei.
Então creio que desviei um pouco a minha cabeça para a esquerda e para baixo, para poder contemplar um pouco o teu cabelo no meio da noite, a tua abstinência de agitação ao luar.
Quis te agradecer.
Quis que me abraçasses e me dissesses mil e uma coisas.
Queria continuar em silêncio.
Queria berrar “finalmente!”.
Então creio que sorri.
Porque não fiz absolutamente nada.
Porque não ia adiantar de nada.
Porque nem era preciso.
- Sei lá! Não faço a menor ideia.
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