É domingo. São 3:16 da tarde e está um dia bonito para passear.
Uma rapariga caminha sobre terra batida artificial, junto a um parque verde, perto do rio. De repente aparece-lhe um rapaz. Quando entra no campo de visão periférica, ela vira-se para ele. Sorri e prepara-se para dizer: o que fazes aqui? A voz não lhe sai. Os pensamentos paralisaram-se na cabeça. As palavras ficaram-se na garganta. A sua boca fora proibida pela dele.
Pessoas passeiam descontraidamente. Crianças a brincar à bola e mães a empurrar carrinhos de mão com os seus rebentos lá dentro. Relva verde e rio ofuscante. Ninguém dá conta de nada.
Ao mesmo tempo
De olhos fechados uma rapariga saboreia as mãos da irmã que lhe mexem no cabelo em festinhas suaves e moles. Deixa-se estar quieta para aproveitar bem e refila com um pequeno gesto quando as mãos páram de mexer. Mimo fraternal nunca é dispensado.
Duas pessoas se abraçam fortemente numa estação de comboios. Um varredor de ruas pergunta-se se chegava ou partia. Nunca mais se largavam. Lembrou-se da sua mulher e sorriu. Era bom ter alguém em casa à nossa espera depois de um dia de sujo trabalho.
Duas moças passam por várias lojas de roupa de mão dada chocando a sociedade à medida que passam pois esta pensa que agora tudo é subversivo e que portanto, estas jovens inocentes, são lésbicas. Não são. São apenas amigas. Nada mais. Mania do preconceito e das ideias formadas. Mania da opinião abelhuda e alheia.
Um rapaz senta-se no parapeito de uma janela, absorvido nos seus pensamentos à medida que observa o horizonte com um ar sério e concentrado. Pensa na rapariga de quem gosta. Ela vai ser sua. É desta. É agora. Vou ter coragem. Não me digas não. Por favor. Não vai dizer.
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