O seu olhar estava fixo no vazio. Não conseguia pronunciar uma só palavra, um só inspirar, um só olhar. O seu coração tinha parado no tempo. A sua pele rosada reflectia a luz matinal que entrava pela janela à sua esquerda. O seu vestido de noiva imaculado permanecia imóvel.
No meio desta perplexidade física e mental sabia que precisava de reagir. De chorar. De fugir. De fechar os olhos e voltar a acordar.
Um movimento de mão, um abrir a boca, um pestanejar. Nada lhe ocorria. Séria, estática, aguardava. Esperava ordens, instruções. Esperava dirigirem-lhe a palavra.
Lentamente, como se fosse de pedra, com movimentos perros e enferrujados, levantou o seu braço branco, frágil e delicado e puxou o seu véu para a frente. Na esperança que a cobrisse a vergonha e o vexame. Como se aquele pedaço de tule branco e transparente a tapasse da realidade, das visões que via, do que ouvia. Como se pudesse refugiar, finalmente e finalmente pudesse fechar os olhos. Como se, de repente, pudesse ficar em paz para expelir toda a infelicidade e amargura.
Virou costas e saiu.
inspirado no livro/filme Jane Eyre
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